O meio teatral é terrivelmente supersticioso, e nenhuma outra peça está rodeada de uma nuvem tão negra de superstição e lenda como Macbeth, de Shakespeare. A tal ponto que é muito frequente, no meio teatral britânico, que nem o nome lhe seja pronunciado. Diz-se apenas “the Scottish play” (Aquela peça escocêsa), e toda a gente sabe do que se fala. Dizem que atrai azar, muito azar, dizer a palavra Macbeth dentro de um teatro (não sendo no texto de uma peça), quem a pronunciar tem de proceder a um ritual de purificação, ou exorcismo, como preferirem (sair do teatro, de costas, cuspir no chão e solicitar a re-entrada ao teatro). As histórias de acidentes graves relacionados com a peça são incontáveis.
Conta-se que, em 1606, o menino que interpretava Lady M. morreu durante uma das primeiras apresentações da peça. Apesar de ninguém saber se houve mesmo o incidente, o boato se espalhou e nutriu a crença de que infortúnios acompanham o espetáculo. Coincidência ou não, ao longo dos séculos, registraram-se inusitados contratempos em diversas montagens.
Em 1992 Antonio Fagundes a protagonizava. O Teatro Arthur Rubinstein, do clube paulistano A Hebraica, abrigou a trama e… pegou fogo! O incêndio começou à tarde, nas coxias, pouco antes de o elenco chegar. Ninguém se feriu. Quando a montagem viajou para Santos (SP), houve nova surpresa: um refletor despencou do teto e quase acertou Fagundes, que estava solitário em cena.