Existe, na Barra do Cunhaú, rondando próximo aonde teria sido o Fortim da Barra, a alma penada de um comandante holandês que vaga à procura de salvação. Teria ele sido cruel na tomada do Fortim, sendo responsável pela degolação de muitos inocentes. Quando saía da Barra, para tomar o rumo do mar, seu barco naufragou. Ele, no desespero de perder tudo quanto tinha saqueado, resolveu juntar os objetos de maior valor e se jogar ao mar.
Ao nadar em direção à praia, o comandante holandês foi ficando cada vez mais fraco e os objetos caíam de suas mãos, um a um. O último lhe caiu da mão a poucos metros da areia e, pouco depois, seu corpo foi jogado para fora da água. Vivendo como um zumbi, estaria condenado a não entrar na água até devolver o que roubou. Depois disto, poderia voltar ao seu navio e descansar em paz. Desde então, ele oferece o tesouro para se redimir dos pecados. Porém, sua oferta só pode ser feita a mulheres, pois os homens não o vêem, nem o escutam.
Ao abordar as mulheres, ele mostra seu tesouro e pede que elas façam segredo do caso por três dias. As moças, descuidadas, sempre deixam escapar o que viram e o holandês continua sua penúria. Nas noites de céu limpo e água clara, uma trilha de objetos brilhantes é vista na “boca da barra”. É “o tesouro do holandês” ou “a corrente de ouro do pontal” que o mar guarda e o holandês vigia, sempre imóvel e de pé com os olhos fixos na água.
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